Iraniana 'adúltera' escapa de
morte por apedrejamento
Sakineh Mohammadi está presa
desde 2006
As
autoridades iranianas anunciaram nesta sexta-feira que Sakineh Mohammadi
Ashtiani, mulher condenada à morte por adultério e que motivou uma campanha
internacional pelo cancelamento de sua execução, não será morta por
apedrejamento. Não está claro se a sentença de morte imposta a Ashtiani foi
revogada.
Ashtiani, de 43 anos, está presa desde maio de 2006, quando um tribunal na
província do Azerbaijão Ocidental a considerou culpada de manter “relações
ilícitas” com dois homens após a morte de seu marido. Ela foi punida com 99
chibatadas. Mas em setembro do mesmo ano, durante o julgamento de um homem
acusado de assassinar o marido de Sakineh, outro tribunal reabriu um caso de
adultério baseado em eventos que teriam ocorrido antes da morte dele.
Apesar de voltar atrás em uma confissão que teria feito sob coerção, Sakineh foi
condenada por adultério. Ela está detida em uma prisão na cidade de Tabriz desde
2006. A organização internacional de defesa dos direitos humanos Human Rights
Watch lançou um apelo para que o governo do Irã cancelasse a execução de
Sakineh.
A campanha contou com o apoio de celebridades como os atores Colin Firth, Emma
Thompson, Robert Redford e Juliette Binoche e a estilista Katherine Hammett. O
ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, disse que o
apedrejamento é uma “punição medieval” e que a continuidade de seu uso mostra o
desrespeito que o Irã tem pelos direitos humanos. “Se a punição for realizada,
irá enojar e horrorizar o mundo que está assistindo”, havia dito em uma coletiva
em Londres.
Punição
Segundo o correspondente da BBC em Teerã Jon Leyne, o comunicado do governo
iraniano negando que Ashtiani foi condenada à execução por apedrejamento parece
ter sido uma forma que as autoridades encontraram para voltar atrás em um caso
que estava recebendo grande atenção da mídia internacional.
No comunicado, segundo o correspondente, o Irã dá a entender que as notícias
sobre à condenação de Ashtiani à morte pelo método teriam sido falsas. O
apedrejamento é uma punição que mesmo as autoridades iranianas têm dificuldades
em justificar, disse Leyne.
O governo diz que a prática é usada apenas raramente e depois que procedimentos
exaustivos na Justiça foram seguidos. Segundo Leyne, Teerã vem indicando que a
punição será abolida, mas pelo menos duas pessoas por ano continuam a ser
executadas pelo método no país.
Fonte: BBC Internacional
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