Ajuda do Brasil ao exterior chega
a US$ 4 bi por ano
Lula promoveu biocombustíveis
em evento na África
Uma
reportagem veiculada pela revista britânica Economist calcula que os recursos
gastos pelo Brasil em ajuda humanitária e desenvolvimento no exterior podem
chegar a US$ 4 bilhões por ano. O cálculo, que inclui as iniciativas brasileiras
de assistência técnica, cooperação agrícola e ajuda direta a países da África e
América Latina, mostra que o Brasil "está se tornando rapidamente um dos maiores
doadores mundiais de ajuda aos países pobres", diz a revista.
A reportagem chega ao montante de US$ 4 bilhões somando os recursos da Agência
Brasileira de Cooperação, projetos de cooperação técnica, ajuda humanitária a
Gaza e ao Haiti, recursos destinados ao programa de alimentos da ONU e outros, e
financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento, o BNDES, nos países
emergentes.
Entretanto, a Economist questiona a rapidez com
que o Brasil tem elevado sua ajuda no exterior, apontando que a estrutura
burocrática do Estado brasileiro dedicada a encaminhar esta ajuda está
sobrecarregada e lembrando que o próprio Brasil ainda precisa combater bolsões
de pobreza dentro de seu próprio território.
A análise é publicada no momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
retorna de uma viagem por seis países da África, nos quais promoveu parcerias no
campo do biocombustível e reiterou a existência de linhas de crédito do BNDES
para projetos no continente africano e latino-americano. "Este esforço em ajuda,
embora não seja chamado assim pelo governo, tem grandes implicações", diz a
revista.
"Distribuir assistência na África ajuda o Brasil a competir com a China e a
Índia por influência no mundo em desenvolvimento. Também angaria apoio para a
campanha solitária do país por um assento permanente no Conselho de Segurança da
ONU."
Outro fator, lista a revista, seria a abertura de mercados para os produtos
brasileiros a partir das iniciativas de cooperação e a aproximação do Brasil com
os países em desenvolvimento.
A reportagem compara a assistência brasileira com a chinesa. Afirma que a
influência do Brasil é percebida como mais simpatia porque se volta para
programas sociais e agrícolas, enquanto a chinesa promoveria, aos olhos dos
países ocidentais, práticas corruptas e polêmicas sobretudo no campo da
infraestrutura.
Entretanto, a Economist vê o que chama de "ambivalência" nos programas de ajuda
do Brasil. Lembra que o país ainda precisa combater bolsões de pobreza dentro de
seu próprio território, aponta deficiências na estrutura burocrática voltada
para a cooperação internacional e avalia que funcionários e instituições
voltados para este fim estão "sobrecarregados" com o crescimento exponencial do
volume de assistência durante os anos do governo Lula.
Para a Economist, até resolver esses gargalos, "o programa de ajuda do Brasil
permanecerá um modelo global à espera – um símbolo, talvez, do país como um
todo".
Fonte: BBC On Line
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