Lula: Crise deixou FMI
em 'silêncio profundo'
... e Banco Mundial
'mudo'
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse
nesta quinta-feira que o Fundo Monetário Internacional (FMI) está em "silêncio
profundo" e que o Banco Mundial "ficou mudou" diante da crise financeira
internacional. Lula, que assinou acordos bilaterais durante uma visita à Zâmbia,
disse ainda que a turbulência financeira é um "alerta" para que os países do
hemisfério sul – como o Brasil e os africanos – "ajam diferente de como agiram
no século 20".
Durante um encontro com o presidente da Zâmbia, Rupiah Bwezani Banda, o
presidente afirmou que a falta de ação dos países para tomar medidas anti-crise
está turvando os horizontes de uma possível tranquilização do cenário
internacional.
"A crise já poderia ser tratada como se fosse uma coisa do passado se os países
ricos tivessem colocado em práticas as medidas que foram discutidas no G20. Mas
eles não colocaram. O sistema financeiro ainda não está controlado, os paraísos
fiscais ainda existem e o crédito ainda não foi disponibilizado para atender ao
comércio internacional", afirmou Lula.
"Quando a crise era num país como Zâmbia ou em um país como o Brasil, aqui
apareciam o FMI e o Banco Mundial para nos ensinar o que fazer e para dar
palpite nas nossas políticas. Agora que a crise é nos países ricos, o FMI está
em um silêncio profundo e o Banco Mundial ficou mudo. Ou seja, eles não sabem
como tratar a crise como pensavam que sabiam tratar a crise nos países pobres."
Crise sem tamanho
Lula disse que "agora estamos com uma crise na Europa que não sabemos ainda qual
o tamanho dela". "Ainda não sabemos a quantidade de dinheiro podre que existe
nos bancos dos países europeus e não temos um sistema de fiscalização que possa
nos informar o tamanho do buraco nos bancos alemães ou nos bancos franceses",
listou.
O presidente listou sucessos econômicos do seu governo – o fato de o Brasil ser
credor do FMI, ter cerca de US$ 250 bilhões em reserva e gozar de uma
perspectiva de crescimento de pelo menos 5% neste ano – para apontar o que
sugeriu ser uma ironia na economia mundial.
"Graças a Deus, e eu acredito que Deus escreve certo por linhas tortas, a
economia dos países emergentes e dos países em desenvolvimento estão mais
sólidas do que a dos países considerados ricos." Para Lula, a crise deve servir
de "alerta para os países do sul ajam diferentemente do que agiram ao longo
século 20".
"Durante grande parte do século 20 nós tivemos a expectativa de que os países
ricos resolveriam nossos problemas. A crise mostrou que nós é que temos de
resolver nossos próprios problemas", disse. O presidente foi saudado na Zâmbia,
onde assinou dez acordos – inclusive um no qual o Brasil aportará US$ 200 mil
para um "Fome Zero Zâmbia" –, como o líder de um país-chave nas negociações
internacionais.
"O Brasil hoje se destaca entre os países emergentes não apenas na região da
América Latina, mas no mundo", disse o presidente Banda.
Copa do Mundo
Lula embarca ainda nesta quinta-feira para Johanesburgo, na África do Sul, onde
lança, à noite, a logomarca oficial que inicia a contagem regressiva para a Copa
de 2014, que será sediada pelo país.
O presidente tem agendado assistir à final da Copa do Mundo no domingo, mas nos
últimos dias tem demonstrado cansaço e manifestado sua indisposição de
comparecer ao jogo final. Um assessor de Lula disse que há "90% de chances de
ele não ir", mas o próprio presidente ventilou para jornalistas que o assunto
ainda não está decidido.
Fonte: BBC Brasil
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